1. |
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Asas de metal num pote de geleia
Sobram paus de incenso no altar da minha veia
Cravo e canela ao longo da estrada
Entre as brumas da memória não há rede não há nada
Enquanto dura o teu engano
Enquanto a névoa beija o teu silêncio
Bate veloz o coração de enxofre até ao infinito
O anjo cego desenha cruzes no paraíso perdido
A minha cara é um retrato a preto e branco
O sonho inventado dilui o meu olhar
No som roubado na dor sem cessar
Fujo do corpo parasita no dia do juízo final
Vou ao céu mas já não volto no dia do juízo final
Não mais deixarei de bater à tua janela
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2. |
Campo De Concentração
05:42
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Na voz que não se cala
No olhar que não sente
Grita dor que não fala
Saudade consciente
No homem que nada sabe
No homem que acredita
Mora o peito que se abre
Consciência infinita
Ninguém nos cala nunca
Nação valente sonha o mito
Estou vivo não desisto
Todos para frente atrás do grito
Estou cercado mas insisto
Vejo o paraíso na palma da mão
Estou seguro tudo sei
Todos atentos a rasgar o chão
Estou certo lutarei
Ninguém nos cala nunca
Sobra a raiva que nos quer
Presos enfurecidos
No chão onde comemos
Migalha que não há
Grita a alma tudo temos
Liberdade já
Ninguém nos cala nunca
Liberdade já
Voltem para as vossas celas
Não ofereçam resistência
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3. |
Epitáfio
05:23
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Desenha o mapa do tesouro, horizonte barroco sugestão
Quero fugir daqui numa caravela de chumbo
Risca o mapa secreto, missal amarelado
Quero beijar a morte aparente num berço inocente
Alma dor, num cálice de lata
Morte dor, raio de nada
Frio medo, bala de prata
Sombra medo, sala dourada
Rasga o livro dos mortos
Quero nascer outra vez
Sopra uma luz no olhar, alguém diz sou eu
Quero morrer numa cela aberta
Alma dor
Morte dor
O mundo é deus reflexo
Profetas não sabem
O mundo é átomo raio
Futuro passado não mentem
O mundo é pai e mãe e mais nada
Anjos diabos não querem
Desmaio culpa
O mundo é deus e o seu contrário
E o seu contrário
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4. |
Salão Azul
03:16
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5. |
Rouge
07:58
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Vem comigo a um museu de cera e rouge
Dançar uma valsa sem espelhos nem dor
Ébrios de amor caímos ao céu
Espero por ti aqui
Dou-te a mão cheia de carícias
Dedos desejosos estou vivo em ti
Voamos longe um no outro assim
Espera por mim aqui
Os nossos corpos explodem
No ardor das carnes
Chega-me o teu olhar
No lençol que nos cobre
Canta-me não importa o quê
Chega um beijo e um segredo ao ouvido
Abraça-me no desmaio e
Diz que as histórias são sempre assim
Diz-me que as histórias são sempre assim
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6. |
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Há um barco que dispara na banheira do leva o vento
Vejo vinte mil turcos que me esperam
Nos vales da sala de estar
Tenho uma espada de pau e uma vassoura
Que monto para a batalha
Rezo de olhos fechados a lei marcial
Dos cavaleiros da cruz
Há um doido que é rei
Preparado para gritar
Vejo um galo de luta vestido
Para matar com amor
Tenho saudades do coldre de plástico
Seguro com um cordel
Rezo lágrimas da terra da luz
Terra do santo que chora
Muito caminhei ao vento, sozinho como um velho
Sinto a morte sem rosto que me ilude ao espelho
Há um destino sangue beato no império português
Vejo no regaço da rainha pães e lego
Iluminura céu sem chão
Muito me perdi no sonho
Herói como um garoto
Sinto na alma a luz
Acordo e estou morto
Muito caminhei ao vento
Sozinho como um velho
Sinto a morte sem rosto que me ilude ao espelho
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7. |
Mar
07:58
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Deus salve quem foge da água benta impossível
Aqui no promontório de Sagres
Onde o céu e o mar
Se confundem no olhar
Chão da pátria, marés
Sofisma, ilusão
Murmúrio, saudade
Deus salve quem mata a alma digna valente
Aqui no promontório de Sagres
Onde as sombras inquietas se confundem na dor
Céu da pátria, luz
Mentiras, verdades
Sussurro e rancor
Deus salve quem esquece o mar que não se vê
Deus salve quem quer o mar que não existe
No promontório de Sagres
Onde as línguas bastardas se confundem no segredo
Espelho da memória
Deus salve quem dorme no ventre quente de Vénus
No promontório de Sagres
Onde o ódio e o amor se confundem no regaço
Noite embalsamada
Deus salve quem grita
As trevas voltaram
Aqui no promontório de Sagres
Onde os que vencem se confundem
No milagre as mãos não acenam
Fatia de mar veneno, noite encantada
Deus salve quem mente
As idades não gritam
Aqui no promontório de Sagres
Onde o tempo e o espaço se confundem
No rumo, bandeiras ao vento castelo de areia
Anátema cegueira, silêncios rebeldes
Deus salve quem nasça neste mar derrotado
Deus salve quem viva neste mar revoltado
Deus salve quem cresça neste mar vagabundo
Deus salve quem morra neste mar tão profundo
Deus salve quem esquece o mar que não se vê
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Sopas de Chavalo Cansado Almada, Portugal
Bruno Figueiredo - Voz
Cláudio Campos - Baixo
Daniel Torgal - Bateria
Duarte Ribeiro - Guitarra
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